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4.15.2009

Experiências em EaD: Um abismo entre tendências e a vida real

Por: Aristides Faria & Lucas Siqueira

É bastante comum ouvirmos que “uma forte tendência para a próxima década é...” e segue um discurso provocante e estimulante. Tenho observado que enquanto falamos sobre rede de relacionamentos, redes sociais, trabalho remoto e colaborativo, ambiente de aprendizagem, Educação à Distância, notamos, também, profissionais que descartam estes conceitos, substituindo-os por egoísmo, vaidade e incompetência social. Aumenta assim o abismo entre “tendências” e a “vida real”.

Em Turismo, os formadores de opinião são acadêmicos. O empresariado, em maioria, não tem formação em nosso campo do conhecimento e, para completar o quadro, os primeiros acabaram entrando na docência logo após a graduação, pois esta tornou-se um campo de trabalho bastante fértil. Detalhes políticos, acadêmicos ou pessoais prefiro não comentar até por que não vivi esta época.

Os profissionais de ponta optaram por ficar com um pé na academia, lecionando, e outro no mercado executivo. Hoje, são docentes altamente graduados, líderes em suas áreas de especialidade e autores de livros. Contudo, muitos parecem não estar preocupados com quem veio atrás. Não por descaso, mas, talvez, por acomodação.

Aristides Faria: Particularmente, sou da geração que vive a massificação dos cursos de Turismo e similares. Entrei na área há cerca de 10 anos e, desde então, observei o ápice e o declínio tanto do glammour, quanto da rentabilidade destes cursos.

Fico feliz e completamente realizado por, entre outras atividades, lecionar em cursos de educação profissional. Depois de ter vivido a rotina de empresas e projetos turísticos, posso compartilhar com meus alunos as experiências (frustrações e conquistas) passadas. O que me torna um educador completo, realizado é ser, também, profissional de Recursos Humanos. Assim, tenho condições de contextualizar tais experiências com as competências, habilidades e atitudes essenciais a estes alunos, que dentro de poucos meses, deverão ser inseridos no mercado de trabalho.

Tenho um propósito, uma meta. Quero ajuda-los a ingressarem no mercado de trabalho em nível de competição, com auto-estima e bastante sede de aprender e crescer. Espero que eles sejam, antes de tudo, pessoas realizadas. Minha visão de profissional de Recursos Humanos, o envolvimento ao [RH em Hospitalidade] que busco proporciona-los e a orientação de carreira que ofereço, independentemente do curso, tende a faze-los profissionais de ponta. Infelizmente, alguns profissionais da vanguarda do turismo não importam-se com o fruto que eles mesmos plantaram. Inocentemente, mas plantaram. Somos frutos de uma geração de estudiosos, mas dentro de uma carreira executiva.

Em nossa área, a Educação à Distância parece não ganhar força pela citada acomodação. Será que a saída para a qualificação – não em nível de graduação – profissional não é a modalidade remota de ensino? “Líderes” acomodados acabam não prestando atenção ao universo em que o turismo vaga, diferentemente do empresariado, que cria a cada dia soluções inovadoras e pioneiras para pessoas físicas e jurídicas. Se Turismo é uma carreira múltipla e global, como não investir todas as fichas na EaD?

Lucas Siqueira: Realmente, essa é uma situação muito complicada. Enfrento esse dilema todos os dias da minha vida profissional. Afinal, tenho uma simpatia muito grande com a área acadêmica talvez até maior do que com a área executiva. Mas sei também que é impossível ser um bom instrutor, tutor ou professor sem tal vivência. Se você não possui uma experiência prática que sustente suas intervenções em sala de aula, seu conteúdo torna-se insuficiente. Revisar a literatura e transmitir os conceitos para os alunos é muito importante, mas utilizar exemplos práticos que você vivenciou é fundamental no sentido de enriquecer e agregar mais valor a formação e a promoção de um ambiente de aprendizagem colaborativa.

Já tive aula com mestres, doutores e até pós-doutores. Não há como negar que uma titulação dessas é importante, afinal é necessário que as universidades possuam profissionais desse nível. Mas o que não pode acontecer, principalmente em cursos como os de turismo e RH, que são os temas principais do blog, é possuir somente teóricos em seus corpos docentes. Todo este discurso ganha côro em uma época em que se questiona muito se o curso de bacharelado em turismo acrescenta algo aos seus egressos. Ter um corpo docente que consiga conciliar um bom arcabouço teórico com vivências práticas é o meio mais consistente para que os cursos superiores de turismo assegurem relevância perante o mercado.

Em resumo, de que adianta ter aulas com um pós-doutor, se a única coisa que ele sabe fazer é despejar conceitos teóricos enfadonhos e sem sentido prático para seus alunos. Durante a graduação um dos meus melhores professores(que por sinal ministrou aulas em todos os períodos em que estudei), era jovem e tinha “apenas” uma especialização em Planejamento e Gestão Estratégica em Turismo e Hotelaria. Porém, possuía uma experiência excepcional em agenciamento turístico, além de ter sido nele em que me inspirei para continuar meus estudos e também tentar atuar profissionalmente como docente.

Tenho a certeza que eu ainda tenho um bom caminho a trilhar, porém já dei o primeiro passo que é cursar uma especialização de modalidade a distância. Esta experiência abriu um horizonte bastante amplo em relação ao que pretendo fazer nas carreiras acadêmica e executiva.

Conheça a proposta de Educação à Distância do [RH em Hospitalidade]. Conheça aqui o curso "Gestão de Equipes em Turismo & Hotelaria".

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