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8.24.2008

Você viverá sem saber?

Como é que tudo poderia ter sido?

Aristides Faria

Dia desses estava cochilando após o almoço, sentado, nem tão confortável em um sofá. Acordei subitamente com a aproximação brusca de uma Fiorino branca em meu pesadelo. Na verdade, no dia anterior quase bati nesse mesmo carro. Na vida real tudo não passou de um susto, de uma freada repentina. Já na imaginação...

O acontecimento me fez parar para pensar um pouco em uma cena do filme “Brilho eterno de uma mente sem lembranças”. Não vou entrar no mérito do roteiro, só posso dizer que o mocinho queria resgatar sua relação com a mocinha. Então, quando não havia mais argumento para convencê-la a retomar os planos e voltar aos velhos e bons tempos, ele a pergunta se conseguiria viver o resto da vida não sabendo com é que tudo poderia ter sido.

Faz sentido para você? Remete-me a outro pensamento: mais vale um coração fatigado após a derrota, do que envergonhado por ter renunciado à batalha. Eu venho balizando minhas empreitadas justamente por esse. É verdade que minha ansiedade tem acelerado as coisas e isso nem sempre é legal. Mas tenho credenciais para me julgar batalhador.

Voltando à traseira adesivada daquela Fiorino branca, pergunto como é que poderia ter sido. Aliás, vivenciei as duas possibilidades. Em uma delas consegui frear e na outra bati o carro.

Acabei despertando e não sabendo a intensidade dos ferimentos. Penso que seja assim na vida real! Até aí, tudo bem. Nada que não tenha acontecido com outras pessoas. Entretanto, faço uma reflexão acerca do que poderia ter acontecido a partir daquele momento. Teria me ferido? Teria acertado alguém? Seriam muitos prejuízos? Seria atendido em tempo no meio daquele engarrafamento? Meus pertences seriam furtados? Enfim, como poderia ter sido? Não, nem quero saber!

Devo confessar que fiquei curioso, sim. Acredito que você esteja projetando uma imagem mental da cena. Até mesmo consigo no papel principal, não?! Nessa situação, é dispensável vislumbrar como as coisas poderiam ter acontecido.

Em demais situações da vida, sobretudo nos relacionamentos, seguir à diante com essas dúvidas pode ser um total descaminho. Refiro-me a todo tipo e nível de relação humana, seja profissional, amorosa, parental ou de vizinhança.

Esconder-se, temer o futuro é ruim, elimina possibilidades fantásticas. Ao negar oportunidades, estamos repelindo chances de aprendizado e de experimentações as mais diversas. Quem sabe não chegou a hora de conversar com o chefe sobre aquele aumento ou a tão sonhada promoção? Talvez seja a hora de lembrar seu pai daquela Caloi que ele prometeu no Natal de 79!

Quem sabe? Fato é que “alguém” tem que saber. Espero que você deseje ser esse “alguém”! Vamos em frente! Comunique-se. Comece. Coragem. Vai querer seguir em frente com essa dúvida? Espero que não e que tenha todo sucesso em sua conversa.

Lembre-se que a frustração faz parte do sucesso. São como os blocos fundamentais, a base para a consolidação. Importante é saber que quem vai determinar a dimensão do seu sucesso é você e a coragem de buscar solidez em sua obra juntos.

Construir uma história de sucesso é um desafio que hoje em dia leva, normalmente, uns oitenta ou noventa anos. Você tem um tempo razoável para marcar positivamente a vida das pessoas e edificar seu empreendimento. Desenvolva sua sensibilidade para saber a hora de aceitar ou negar. Seja sagaz para ousar. E, principalmente, seja humilde para dar passos atrás e escolher o caminho correto. Afinal, um desses caminhos é não saber como é que tudo poderia ter sido.

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